terça-feira, 27 de maio de 2014

Icterícia Neonatal

Na postagem anterior demos uma noção geral do metabolismo da bilirrubina no organismo humano, demonstrando sua origem e destino. Tal situação foi demonstrada em situação normal do corpo humano. Entretanto, a bilirrubina está associada a varias condições e disfunções como a ictericia neonatal, hepatites, colecistites, que são causadas ou são causas da alteração dos níveis fisiológicos de bilirrubina direta ou indireta. Nessa postagem, discutiremos a icterícia neonatal.
A ictericia neonatal, ao contrario do que muitos pensam, é uma condição normal do recém-nascido. Ela ocorre, entre outros fatores, pela sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito (célula do fígado) e a menos capacidade de captação, conjugação e excreção hepática da bilirrubina. Alem disso, a pouca flora intestinal responsável pela degradação da bilirrubina e a menor vida media das hemácias do neonato também contribuem para essa sobrecarga de bilirrubina nos primeiros dias de vida do RN.

Essa condição se demonstra pela impregnação da bilirrubina (de cor amarela) nos tecidos e conjuntivos dos olhos, sendo saudável se for de cor moderada e sumir entre a 1ª e a 2ª semana de vida. 

Icterícia leve
Entretanto, em casos mais graves, a icterícia se mostra mais forte e mais duradoura, como em casos de RN prematuros, eritroblastose  fetal e icterícia do leite materno. Nesses casos, o nível de bilirrubina pode causar sequelas, pois ela pode passar a barreira hematoencefálica e impregnar nos núcleos de base, apresentando os seguintes sintomas: debilidade de sucção, recusa alimentar e convulsões.









Para passar pela barreira hematoencefálica, a molécula precisa passar pelas células endoteliais finas e justapostas, e passar pelos astrócitos que circundam os capilares no sistema nervoso central. Esse processo é facilitado para bilirrubina, uma vez que ela é lipossolúvel, e facilmente atravessas essas membranas lipídicas das células, chegando ao SNC, causando o Kernicterus (lesão neurológica grave no recém-nato).

 Para impedir que o quadro do RN chegue a esse estagio bem avançado, o medico, munido de exames que mostrem os níveis de BI, deve tratar a ictericia com fototerapia.

A bilirrubina ao absorver luz nos comprimentos de onde de 400 a 500 nm sofre isomerização, transformando-se em isômero geométrico, reversível, e o isômero estrutural, irreversível. Este último, é mais hidrossolúvel que o primeiro isômero e que a bilirrubina, sendo mais facilmente excretado pela urina do ictérico, sem a necessidade de conjugação.

A eficiência do tratamento depende do tipo de luz que é usada, dos níveis de BI antes do tratamento, da superfície exposta à luz, entre outra coisas, mas é, em geral, bastante eficiente na redução dos níveis de Bilirrubina. 

Nas próximas postagens discutiremos ainda mais sobre a Bilirrubina.

Fontes:
http://www.jped.com.br/conteudo/01-77-s71/port.pdf
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?250
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Danrley/Complexo_01_Danrley_Ictericia.pdf
http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mIII.fase22.htm
http://www.fugesp.org.br/nutricao_e_saude_conteudo.asp?id_publicacao=1&edicao_numero=6&menu_ordem=2


8 comentários:

  1. Eu não sabia que a ictericia neonatal era uma condiçao normal e creio que muita gente não saiba. É possivel, entao observar pouco contato,no dia a dia,c esse tipo de informaçao, que é necessaria para evitar a evolução e aumento excessivo demasiado prolonado dos niveis de bilirrubina e assim evitsr danos mais graves. Poderia haver mais campanhas publicitárias de conscientizaçao em relação a isso

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  2. É preciso informar as mães acerca da normalidade da icterícia nas primeiras semanas e sobre seu perigo se persistir nas semanas seguintes. Esse é um problema ainda não muito difundido. Informação de utilidade pública.

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  3. Achei interessante o método utilizado pelos médicos para curar a icterícia: isomerização da molécula através da luz. A maioria das pessoas acham que doença só se cura com remédio, mas esse caso mostra que isso não é verdade, sendo bastante inovador do ponto de vista clínico. Outro fato que me chamou a atenção foi a relação entre a flora intestinal e a bilirrubina. Não sabia que as bactérias intestinais além de ajudarem na digestão e produzirem vitamina K tinham essa função de controlar a taxa de bilirrubina. Isso mostra como o uso excessivo de antibióticos pode causar prejuízos ao organismo humano. Boa postagem, gostaria de saber nas próximas se existem doenças envolvendo a falta de bilirrubina no corpo.

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  4. Na primeira postagem, não imaginava que a importância e as aplicações das propriedades da bilirrubina no organismo vivo eram tão diversificadas. O processo de isomerização por meio da fototerapia também é bem interessante, pois mostra que a simples alteração da conformação da molécula pode influenciar todo o metabolismo dessa. Entretanto, poucas são as informações que a mídia concede sobre essa assunto. Em recém-nascidos, muitos pais podem até se preocupar sem motivo, já que durante os primeiros dias de vida isso é normal, mas os pais de "primeira viagem" podem imaginar que sejam problemas mais complexos. Evidente que, se essa condição persistir, é necessário a consulta de um pediatra. Entretanto informação nunca é demais.

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  5. Interessante entender como alguns processos, mesmo que anormais aos nosso leigos olhos, são considerados um tipo de normalidade na sociedade médica. Pelo que percebi em uma pesquisa mais aprofundada, a icterícia neonatal possui várias causas, entre elas achei interessante a questão da incompatibilidade de sangue entre mãe e filho e a demora na ligadura do cordão umbilical, questões tão diferentes que geram uma mesma condição. Legal conhecer mais sobre esse assunto, ansiosa pelas próximas postagens.

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  6. Realmente, a icterícia neonatal é um problema recorrente e até comum nos recém nascidos. Basta passar por uma enfermaria de neonatos e se verifica que muitos deles estão "amarelados" e fazem tratamento com fototerapia. No entanto, é importante frisar que esse tratamento requer muita atenção e observação constante do bebê, pois traz efeitos colaterais graves se não feito corretamente. Por exemplo, os olhos dos bebês não podem ficar diretamente voltados para a luz, pois pode causar lesão visual séria e também deve-se trocar o bebê de decúbito de modo a evitar queimaduras na pele da criança, dentre outras consequências.
    Assim devido aos graves efeitos colaterais do uso inadequado da fototerapia, ela deve ser utilizada por profissionais da saúde treinados e comprometidos com a recuperação dos RNs, profissionais que algumas vezes não encontramos por aí, principalmente em maternidades públicas.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Postagem bastante informativa. Eu não sabia, por exemplo, que a icterícia é considerada uma condição normal em bebês, mas, por conta dessa postagem, fui pesquisar e descobri que ocorre com mais de 50% dos RN. Pude perceber, ainda, que o Ministério da Saúde desenvolve ações para tratar a icterícia e evitar suas complicações, como a encefalopatia bilirrubínica, através do Programa de Atenção à Saúde do Recém-Nascido. Essa prevenção da encefalopatia bilirrubínica consiste em evitar e controlar os fatores determinantes da lesão neuronal pela bilirrubina em especial nos RN de muito baixo peso. Durante a semana do calouro, fui a maternidade Evangelina Rosa e pude ver um recém-nascido ser submetido à fototerapia, foi muito interessante.

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